O homem acorda cedo como de costume e após sua higiene pessoal, caminha até a cozinha onde dá de cara com aquele estranho semblante de poucos amigos, intimidante, que também aguarda sua esposa preparar o café da manhã.
Se entreolham e não dizem nada. Preocupado com a situação tensa causada pela presença daquele ser de pouca conversa, trêmulo e com sinais de crise de abstinência, o homem toma toda a pouca coragem que lhe resta numa manhã de sexta-feira de mais um dia de trabalho e pergunta:
– Quem é você afinal?
O esquisito, barbudo, cabeludo, fedido, unha encardida, dentes amarelos, escancara aquele sorriso de emoji e diz quase em forma de GIF:
– Sou eu pai! Seu filho! Não lembra de mim?
O homem, desconcertado, pensa que a última vez que deu uma boa olhada no seu filho foi há quase dez anos, quando o garoto estacionou seu carro carroça no meio da sala.
Alheios a tudo o que se passa na matrix, o pai e a mãe gargalharam enquanto o estranho filho tentava controlar sua ansiedade de voltar para seu búnker (quarto) e compartilhar nas redes “sociais” um vídeo que ele fez sobre um cronograma para exterminar noventa e cinco por cento da humanidade.
– O café está pronto! Pega por favor, para a mamãe, a margarina na geladeira, querido.
#silenceday15